terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Pep Guardiola traz de volta a magia ao Barça

Assistir jogos do Barcelona voltou a ser um prazer para qualquer amante do bom futebol.

E no comando deste retorno da equipe azul-grená à prática de um futebol rápido, dinâmico, envolvente e, sobretudo, encantador está Josep Guardiola i Sala, ou o “Pep”.

Com um começo marcado pela desconfiança em seu trabalho, o jovem treinador de 37 anos provou que era o nome certo para substituir o holandês Frank Rijkaard após uma temporada decadente e fracassada.

A experiência de Pep assumir o cargo se resumia ao comando da equipe do Barcelona na terceira divisão espanhola, sendo ele o mais jovem técnico a assumir o comando do Barça. O anúncio de sua contratação veio junto com uma enxurrada de críticas e questionamentos sobre o porquê uma equipe tão prestigiada apostaria em um treinador inexperiente em vez de procurar um nome consagrado. Na época, José Mourinho estava desempregado e poderia ser um nome óbvio para o comando da equipe catalã.

Um começo com resultados não tão positivos assim em se tratando de Barcelona fez aumentem as desconfianças no trabalho do novato treinador. Apenas um gol nas duas primeiras partidas – um empate e uma derrota - marcaram o conturbado início.

Mas as partidas seguintes serviriam para Pep Guardiola justificar a confiança em seu trabalho e mostrar que estava preparado para a responsabilidade de comandar o grande Barcelona. 16 jogos invictos – com 15 vitórias – e 48 gols marcados serviram para amansar a crítica e arrancar elogios da torcida azul-grená.

Faltando ainda meia temporada a ser disputada, o Barça fechou o ano na liderança isolada da Liga Espanhola com 10 pontos a frente do vice Sevilla e 12 a frente do rival Real Madrid, tendo vencido o clássico por 2x0.

A atual equipe tem potencial pra ir mais longe do que essa meia temporada de excelente futebol. Com a total sintonia de seu treinador com os jogadores e, obviamente, a qualidade espetacular do elenco pode fazer deste time um dos melhores da rica história de grandes times que o Barça teve.

Guardiola cumpriu sua missão de renovar e motivar novamente o elenco de jogadores, que sofreu grande queda de produção após a conquista da Champions League em 2006. A virada foi notável.

Tudo começou com a liberação de Ronaldinho Gaúcho do plantel de jogadores. O brasileiro, ídolo dos anos anteriores mostrava-se desmotivado, não apresentava grande futebol e ainda se via ofuscado pelo argentino Lionel Messi, agora o grande ídolo da torcida. O rompimento foi melhor para os dois lados. Deco seguiu o mesmo caminho e, com futebol decadente, e desmotivado, foi buscar novos ares.

Chegaram pelas mãos de Pep jogadores não tão famosos como o brasileiro Dani Alves e Seydou Keita, do Mali, ambos do Sevilla. Além dele, Gerard Pique, que tinha passado pelo juvenil do Barcelona, retornou do Manchester United. Além desses, Guardiola promoveu o jovem Sergi Busquets, 20, da equipe que comandava na terceira divisão para o elenco principal, dando moral para as categorias de base - dos 25 membros do elenco principal, 11 vêm desse programa.

Mas entre todos os acertos do novo comandante está o de encontrar uma maneira de jogo para a equipe com as estrelas que já estavam pelo Camp Nou. Organizar taticamente uma equipe ofensiva e eficiente era a tarefa a ser cumprida e o objetivo foi cumprido. O ataque formado pelas estrelas Samuel Eto'o, Lionel Messi e Thierry Henry marcou 33 gols nessa metade de temporada, quase três quartos dos gols da equipe. Eto'o e Henry voltaram a encontrar com o bom futebol que esteve ausente na última temporada e atribuem o bom momento a Guardiola. Messi assumiu a camisa 10 e se mostra cada vez mais um dos melhores jogadores do mundo com a camisa catalã diante do camando de Pep.

Disciplina e um futebol ao melhor estilo Barcelona, criado depois da vencedora Era Cruyff, são as marcas deste novo Barça. O sucesso e o bom futebol não são mesmo à toa. Josep Guardiola jogou por 11 anos no time catalão e por seis anos fez parte do dream team comandado pelo ex-craque holandês. Foi Johan Cruyff que o promoveu a equipe principal e o formou futebolisticamente sob sua filosofia. O espanhol parece ter aprendido direitinho.

Guardiola não promoveu nenhuma revolução tática ou criou uma nova maneira de comandar uma equipe de futebol. Apenas teve o mérito de entender que o Barcelona precisava voltar às suas origens para novamente ser vencedor. E a equipe atual não apenas vence, como também encanta os olhos. Os amantes do futebol agradecem: obrigado, Pep!

Rodrigo Azevedo

 

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