sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Para todas as idades

Se a nova safra de admiradores de futebol no Brasil cresce cada vez mais doutrinada pela supremacia do futebol europeu em relação ao futebol praticado no Brasil, o que dizer daqueles que cresceram acompanhando in loco os craques desfilarem pelos gramados do Brasil? 

Se para a nova geração é comum os principais jogadores brasileiros atuarem na Itália, Espanha ou Inglaterra a geração mais antiga apresenta certa relutância com a nova realidade, mas se mostra rendida com a nova situação do futebol brasileiro.  

“Acompanhei toda a carreira do Rivellino. E até mais recentemente pude ver o Neto e o Marcelinho Carioca serem ídolos do Timão. Hoje não tem ninguém. Todos vão para a Europa”. 

O desabafo do jornaleiro e corinthiano Geraldo Martins, 58, retrata o pensamento de uma geração ainda não habituada aos novos tempos do futebol.   

Mas é tudo uma questão de adaptação à realidade e o perfil do publico que acompanha os campeonatos europeus engloba cada vez mais faixas etárias. 

O aposentado Elias Bonatti, 62, diz acompanhar diversos campeonatos europeus. “Assisto todos, principalmente a Liga Inglesa, a melhor da Europa”. Bonatti afirma ter adquirido o hábito após perceber que os principais jogadores brasileiros atuavam no velho continente. 

A principio o publico que acompanhava o futebol na Europa era de torcedores jovens, com perfil econômico pertencente às classes A e B e com acesso a canais a cabo que assistiam o que rolava pelo futebol do velho continente. 

“Futebol europeu era só para quem é fanático e possuía acesso a canais por assinatura, mas a maioria nem tomava conhecimento dos campeonatos a não ser pelos jornais”, conta o jornalista e escritor Roberto Porto. 

Mas essa realidade mudou e aos poucos a classe C também passa a acompanhar o futebol europeu, principalmente após o advento da transmissão desses campeonatos pela TV aberta. 

Tudo começou na década de 80, quando a TV Globo resolveu transmitir o Campeonato Italiano. “Provavelmente por causa do sucesso do Falcão na Roma” afirma Caio Maia, do site Trivela.  

Antes exclusividade das TV´s pagas, os principais torneios europeus começaram a ter espaço na televisão aberta com transmissões da TV Bandeirantes. Atualmente, a TV Record é quem mostra para os brasileiros as principais competições como a Champions League e a recente Eurocopa 2008. 

A chegada da TV aberta foi a oportunidade para uma nova fatia da população ter acesso ao futebol mais rico do mundo, diversificando o antigo público.

Para Pedro Montes, produtor audiovisual que realiza coberturas esportivas de grande porte, como a Copa do Mundo de 2006, a tendência é que nos próximos anos esse interesse continue a crescer. “Com cada vez mais brasileiros jogando na Europa e com uma cobertura mais completa de mídias brasileiras especializadas em futebol europeu o interesse certamente aumentará”.    

Rodrigo Azevedo  

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Pep Guardiola traz de volta a magia ao Barça

Assistir jogos do Barcelona voltou a ser um prazer para qualquer amante do bom futebol.

E no comando deste retorno da equipe azul-grená à prática de um futebol rápido, dinâmico, envolvente e, sobretudo, encantador está Josep Guardiola i Sala, ou o “Pep”.

Com um começo marcado pela desconfiança em seu trabalho, o jovem treinador de 37 anos provou que era o nome certo para substituir o holandês Frank Rijkaard após uma temporada decadente e fracassada.

A experiência de Pep assumir o cargo se resumia ao comando da equipe do Barcelona na terceira divisão espanhola, sendo ele o mais jovem técnico a assumir o comando do Barça. O anúncio de sua contratação veio junto com uma enxurrada de críticas e questionamentos sobre o porquê uma equipe tão prestigiada apostaria em um treinador inexperiente em vez de procurar um nome consagrado. Na época, José Mourinho estava desempregado e poderia ser um nome óbvio para o comando da equipe catalã.

Um começo com resultados não tão positivos assim em se tratando de Barcelona fez aumentem as desconfianças no trabalho do novato treinador. Apenas um gol nas duas primeiras partidas – um empate e uma derrota - marcaram o conturbado início.

Mas as partidas seguintes serviriam para Pep Guardiola justificar a confiança em seu trabalho e mostrar que estava preparado para a responsabilidade de comandar o grande Barcelona. 16 jogos invictos – com 15 vitórias – e 48 gols marcados serviram para amansar a crítica e arrancar elogios da torcida azul-grená.

Faltando ainda meia temporada a ser disputada, o Barça fechou o ano na liderança isolada da Liga Espanhola com 10 pontos a frente do vice Sevilla e 12 a frente do rival Real Madrid, tendo vencido o clássico por 2x0.

A atual equipe tem potencial pra ir mais longe do que essa meia temporada de excelente futebol. Com a total sintonia de seu treinador com os jogadores e, obviamente, a qualidade espetacular do elenco pode fazer deste time um dos melhores da rica história de grandes times que o Barça teve.

Guardiola cumpriu sua missão de renovar e motivar novamente o elenco de jogadores, que sofreu grande queda de produção após a conquista da Champions League em 2006. A virada foi notável.

Tudo começou com a liberação de Ronaldinho Gaúcho do plantel de jogadores. O brasileiro, ídolo dos anos anteriores mostrava-se desmotivado, não apresentava grande futebol e ainda se via ofuscado pelo argentino Lionel Messi, agora o grande ídolo da torcida. O rompimento foi melhor para os dois lados. Deco seguiu o mesmo caminho e, com futebol decadente, e desmotivado, foi buscar novos ares.

Chegaram pelas mãos de Pep jogadores não tão famosos como o brasileiro Dani Alves e Seydou Keita, do Mali, ambos do Sevilla. Além dele, Gerard Pique, que tinha passado pelo juvenil do Barcelona, retornou do Manchester United. Além desses, Guardiola promoveu o jovem Sergi Busquets, 20, da equipe que comandava na terceira divisão para o elenco principal, dando moral para as categorias de base - dos 25 membros do elenco principal, 11 vêm desse programa.

Mas entre todos os acertos do novo comandante está o de encontrar uma maneira de jogo para a equipe com as estrelas que já estavam pelo Camp Nou. Organizar taticamente uma equipe ofensiva e eficiente era a tarefa a ser cumprida e o objetivo foi cumprido. O ataque formado pelas estrelas Samuel Eto'o, Lionel Messi e Thierry Henry marcou 33 gols nessa metade de temporada, quase três quartos dos gols da equipe. Eto'o e Henry voltaram a encontrar com o bom futebol que esteve ausente na última temporada e atribuem o bom momento a Guardiola. Messi assumiu a camisa 10 e se mostra cada vez mais um dos melhores jogadores do mundo com a camisa catalã diante do camando de Pep.

Disciplina e um futebol ao melhor estilo Barcelona, criado depois da vencedora Era Cruyff, são as marcas deste novo Barça. O sucesso e o bom futebol não são mesmo à toa. Josep Guardiola jogou por 11 anos no time catalão e por seis anos fez parte do dream team comandado pelo ex-craque holandês. Foi Johan Cruyff que o promoveu a equipe principal e o formou futebolisticamente sob sua filosofia. O espanhol parece ter aprendido direitinho.

Guardiola não promoveu nenhuma revolução tática ou criou uma nova maneira de comandar uma equipe de futebol. Apenas teve o mérito de entender que o Barcelona precisava voltar às suas origens para novamente ser vencedor. E a equipe atual não apenas vence, como também encanta os olhos. Os amantes do futebol agradecem: obrigado, Pep!

Rodrigo Azevedo

 

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Dá-lhe Boca!

O Boca Juniors foi o campeão do Apertura 2008. Emoção não faltou ao triangular final do Campeonato Argentino.

O palco da emocionante decisão foi o estádio El Cilindro de Avellaneda.

Após vencer o San Lorenzo por 3x1 no sábado o Boca entrou podendo até perder por um gol de diferença para o Tigre.

 O Tigre havia perdido para o San Lorenzo por 2x1, mas em caso de empate em pontos e saldo de gols seria o campeão por ter vencido seus dois oponentes no confronto direto.

E na partida decisiva o Boca jogou desfalcado de seus principais jogadores. Riquelme e Vargas estavam suspensos e Palermo ainda se recuperando de lesão.

Restou então aos bosteros armar uma retranca e tocar a bola para administar o resultado e faturar mais um Apertura.

A equipe do técnico Carlos Ischia segurou bem o resultado até o meio do segundo tempo, quando o goleirão  boquense Javier Garcia resolveu complicar as coisas.

O arquero saiu mal do gol e foi antecipado pelo grandalhão centroavante do Tigre, Leandro Lázzaro, que marcou de cabeça. Tigre 1x0 Boca.

García já havia falhado no gol do San Lorenzo no sábado, e o técnico Carlos Ischia, sentindo o abatimento do goleiro que chorava no gramado, decidiu substitui-lo pelo reserva Josué Ayala

O gol incendiou a equipe do Tigre, que com mais um gol levaria o título.

Mas prevaleceu a experiência do Boca diante da esforçada equipe de Diego Cagna.

Morel Rogrigues foi um gigante na retaguarda boquense, o melhor jogador da partida.

Rodrigo Palácio, apesar de expulso nos minutos finais, foi importante e deu qualidade ao setor ofensivo do Boca tão carente da criatividade de Román Riquelme.

Gracián foi o destaque negativo no Boca. O avante prejudicou sua equipe com preciosismos desnecessários e muitos gols perdidos.

Depois de muita emoção, o apito final consagrou o Boca como campeão do Apertura 2008, o vigésimo terceiro campeonato argentino da história boquense.

O título veio no saldo de gols.

Interessante a fórmula de disputa argentina.

O Boca foi campeão com o gol que marcou nos acréscimos diante do San Lorenzo no último sábado.

Sem aquele gol, o resultado de hoje daria o título ao San Lorenzo, que não tinha nenhuma chance de ser campeão com os resultados de hoje.

E teve mais!

Caso o Tigre fizesse mais um gol e faturasse o campeonato, tiraria do Estudiantes a vaga na Libertadores.

Haja, coração!

Deu pra entender?

Emoção não faltou no final do campeonato argentino.

Cabe a pergunta: Seria interessante adotar a fórmula argentina no Brasil?

Entendo que temos o modelo mais justo. Mas não seria o modelo hermano o meio termo entre justiça e emoção?

O que você acha?

Rodrigo Azevedo

God save the Queen

E o marasmo do pós-Natal, como todo ano, é salvo graças à overdose de futebol na terra da Rainha. Com rodada completa (transmitida nesta sexta-feira pela ESPN Brasil), com jogos da manhã até o finzinho da tarde, poderemos ver os quatro grandes em ação, e não ter que aturar aqueles papinhos chatos com a família inteira reunida, no almoço e tal.
E o campeonato começa a pegar fogo, porque o atual campeão mundial de clubes, Manchester United, tem dois jogos a menos que os rivais diretos Chelsea e Liverpool, e se vencer encosta nos dois pela briga do título da Premier League. Já o Chelsea de Felipão anda meio irregular, mesmo com um incrível aproveitamento fora de casa (oito vitórias e um empate), e já jogou fora duas chances de assumir a liderança do Liverpool, que teve jogo duro contra o Arsenal no meio da semana. Arsenal que perdeu seu maior nome por quatro meses: Cesc Fabregas rompeu os ligamentos do joelho direito e desfalcará o time de Arsene Wenger na Premier League e na Champions, contra um adversário que vem numa boa fase (a Roma)... é. o Arsenal está em maus lençóis.
Caio de Freitas

Operação Kléber

E o Palmeiras sofre com a debandada. A parceira alviverde, Traffic, gastou uma boa graninha no primeiro ano de parceria, e não obteve os frutos desejados: como já falamos aqui, o Palmeiras que era um dos favoritos ao título brasileiro mal se classificou para a Libertadores (vale lembrar que o Verdão vai ter que encarar o Real Potosí na altitude, em jogo difícil, para cair no grupo mais complicado da competição no ano que vem). Jogadores importantes do elenco já saíram, como Alex Mineiro, Leandro, Martinez, Élder Granja e outros.

Agora, a diretoria, que está se preocupando mais com a eleição de janeiro, malemá corre atrás de reforços para pelo menos manter o nível do time de 2008, aquele que finalmente saiu da fila. Com os rivais paulistas se reforçando muito, e bem, o Palmeiras sai atrás e ganha uma grande interrogação na sua cola. Será que voltaremos à rotina de anos passados, sem títulos, sem força?

Pra que isso não aconteça novamente, o Palmeiras corre atrás da manutenção do atacante Kléber, tentando juntar os 8 milhões de reais pedidos pelo Dínamo de Kiev para a aquisição de 50% dos direitos federativos do Gladiador. A negociação promete ser dura, e o interesse de outros clubes brasileiros, como Corinthians e Inter-RS, dificulta ainda mais o negócio. A questão que fica é: vale a pena?

Kléber jogou bem no Palmeiras, chamou a responsabilidade para seus pés quando precisou, só que jogou poucas vezes. Seu estilo mais agressivo de jogo lhe causou muita dor de cabeça durante a temporada (e causou dor de cabeça nos palmeirenses também). Se Kléber vale um bom investimento? Sim; só que com 6 ou 8 milhões de reais na mão, se pode fazer mais bons negócios no mercado, e o Palmeiras precisa praticamente remontar uma equipe, além, é claro de refazer a zaga e as laterias, já que seus dois principais laterais saíram do Palestra Itália. Infelizmente fica o exemplo do São Paulo, hexacampeão brasileiro que fora desacreditado durante a competição, e graças ao nome, consegue bons reforços a preço de banana, porque na hora H o jogador COM CERTEZA prefere ganhar um pouco menos e ter chances mais reais de ser campeão, do que ganhar um pouquinho mais e viver num clima de maior incerteza, como o existente hoje no CT do Palmeiras.

Caio de Freitas

domingo, 21 de dezembro de 2008

Sir Fergusson e os melhores do mundo

O Manchester United conquistou o Mundial de Clubes da Fifa 2008. Em Yokohama, no Japão, bateu a LDU por 1x0.
A vitória sobre os equatorianos foi justa e os red devils se mostraram superiores durante toda a partida.
Vidic quase complicou a vida dos ingleses ao ser justamente expulso após dar uma cotovelada em Bieler.
Mas a dupla Cristiano Ronaldo e Waine Rooney tratou de fazer a jogada que deu o gol e o título aos ingleses. Aos 27 minutos, em passe açucarado de Ronaldo, Rooney, com enorme categoria, arrematou de primeira para o fundo do gol de Cevallos.
No desespero, os equatorianos tentaram chegar ao empate, mas pararam nas mãos do seguro Van der Sar. 
É mais um título de Sir Alex Fergusson, o 23º em 22 anos de Manchester. Em um espaço de seis meses, o escocês comandou os diabos vermelhos na conquista da Premier League, da Champions League e agora do Mundial de Clubes.
Um fato que merece destaque é que aos poucos os europeus começam a incorporar e valorizar a disputa do Mundial de Clubes, justamente no momento em que a Fifa tornou mais desisteressante o formato da competição.
O Manchester chegou com antecedência, se concentrou, disputou com seriedade a competição e venceu o torneio, mostrando que, realmente, foi o melhor melhor time do mundo em 2008.
Rooney foi eleito o melhor jogador do torneio e levou a Bola de Ouro da Fifa. Cristiano Ronaldo levou a Bola de Prata, e Manso, da LDU, a de Bronze.
O vice-campeonato a LDU também merece destaque. Nunca o futebol equatoriano foi tão longe, mas o topo do futebol mundial é dos diabos.
Palmas para Sir Fergusson!
Rodrigo Azevedo

Amauri é seleção! (brasileira, é claro!)

O atacante brasileiro Amauri faz sucesso na Itália.
Na semana passada ele anotou dois dos quatro gols da vitória da Juventus por 4x2 sobre o Milan e estampou as manchetes esportivas de todo o mundo.
Aos 28 anos, o brazuca anotou dez gols no Calcio deste ano. Na Itália desde 2000, Amauri chegou aos 51 gols na Série A.
E seus gols estão seduzindo os italianos. Na velha bota crescem os boatos de que Amauri defenderá a Squadra Azurra na próxima partida, por coincidência contra o Brasil.
Grandalhão, desengonçado, daquele tipo centroavante rompedor, Amauri é um goleador nato.
Seu estilo está em falta no Brasil. Nenhum atacante brasileiro recentemente convocado ou que se destaque na Europa tem as suas características e, sobrutudo, as suas qualidades.
A seleção brasileira deveria aproveitar seu futebol, antes que seja tarde. 
Trata-se de uma excelente opção de jogo para um time que tem laterais que avançam bastante e costumam cruzar para ninguém na área. Além disso, cabeceia muitíssimo bem.
Luis Fabiano é excelente, mas costuma sair um pouco mais da área. Amauri fica mais fixo, prende mais os zagueiros adversários e costuma empurrar pra rede qualquer bola que sobrar dentro da àrea.
Está longe de ser um craque, daquele tipo brasileiro que todos se acostumaram. Mas é um goleador que pode ajudar muito o ataque brasileiro. 
Fillipo Inzagui está longe, bem longe, de ser um craque. Mas a quantidade de gols que faz o torna importante para as equipes que defende a para o seu país.
O caso de Amauri é semelhante. Mas se uma convocação para o Brasil demorar, certamente o garoto de Carapicuíba, na Grende São Paulo, cederá aos apelos e defenderá a seleção italiana.
O futebol brasileiro não pode perder esta oportunidade. Amauri é seleção! (brasileira, é claro!)
Rodrigo Azevedo